quinta-feira, 29 de maio de 2008

Confesso que fiquei chocado ao ver as reportagens sobre ataque dos indios caiapós ao engenheiro da ELETROBRAS exibidas no último Domingo (25/05/08) e nos demais telejornais durante a semana. Chocado com o sensacionelismo com que foi tratado o fato.Sai Isabela e Carolina Jatobá entra o engenheiro Paulo Fernandes Resende; sai Alexandre Nardoni e a madrasta entram os caiapós. Num turbilhão de perguntas sem respostas e informações dispersas em chamadas que mexiam com nossas emoções ao limite.

Esta atitude da mídia provocou-me algumas inquietações que não me tinham passado pela cabeça até então:(1)Apesar da necessidade de evitar uma crise energética no futuro, de onde surgiu a necessidade de se construir uma usina de tamanha proporção ( a segunda maior em produção de energia do Brasil) ? em tempos lobistas onde os interesses dos deputados e senadores são "coincidentemente" os das empreiteiras e não os da população fica difícil saber; (2) que ponto de pauta das discussões levou os índios caiapós a tomarem essa atitude? parece que não é interessante participarmos de tais discussões, mas sim que assistamos a tudo estarrecidos e/ou emocionados; e, utilizado da minha ignorância progamada sobre os fatos, (3) de que forma os caiapós seriam ressarcidos caso cedessem suas terras ao governo para a construção da hidrelétrica? receberiam ocas com sistema de esgoto, energia elétrica, praça de aldeia pavimentada? ou áreas particulares de caça e pesca com mapas para os índios se adaptarem ao novo espaço demarcado?

O que está em jogo nessa disputa não é apenas a posse da terra, e sim a identidade dos caiapós, que será totalmente abalada caso o projeto do governo seja implantado. Não seria surpresa alguma lá pra 2015 encontrarmos na região um monte de índios alcoólatras sem território, sem identidade com toda sua história embaixo de milhões de litros cúbicos d'água e milhões de dólares nos cofres do governo e das multinacionais das minas e energia.Esse fato, mais uma vez, nos mostra o verdadeiro objetivo da imprensa no Brasil, garantir os índices de audiência e consequentemente o lucro com a publicidade e defender os interesses das classes privilegiadas subjugando qualquer interesse coletivo da sociedade.

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