segunda-feira, 2 de junho de 2008

Os donos da terra percebem o rio como condição de sobrevivência

Silvana Maciel
No domingo dia 25 de Maio de 2008, o Fantástico(programa de cunho jornalístico da rede Globo) exibiu uma reportagem, a meu ver, sensacionalista ao fazer o arranjo da notícia de forma que interessasse e atraísse a atenção do telespectador para um suposto “ataque” e “agressão” dos índios Caiapós do Pará ao engenheiro da ELETROBRAS Paulo Fernando Resende ao expor a proposta de construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte(essa que será considerada a segunda maior usina hidrelétrica do país).
Segundo o dicionário Agredir é o mesmo que bater em; espancar; atacar; provocar; injuriar. E Atacar é o mesmo que hostilizar; acometer; estragar; combater; danificar; ofender; manifestar-se repentinamente; investir reciprocamente. Partindo desses conceitos e especificamente das palavras em destaque, levanto o seguinte questionamento: Será, mesmo, o índio o agressor nessa história?
Se nos atentarmos ao conceito de ataque enquanto uma manifestação repentina, diria que aquela foi a forma mais natural dos Caiapós decorrer em defesa do território e habitat do seu povo e de garantia da sua sobrevivência. Enquanto a imprensa se refere a ação dos Caiapós como ataque, agressão e bater em; eu, porém, desconsidero esses conceitos para apoiar-me naqueles menos explorados pela mesma, por acreditar que são bem mais justos à causa do povo indígena.
O que houve por parte desse meio de comunicação, foi a não preocupação em buscar discutir com os povos nativos daquela área suas aflições e inquietações a cerca da implantação da usina muito menos consultá-los sobre suas prioridades e/ou necessidades. Não se sensibilizaram (governo, primeiramente, e imprensa) com os possíveis impactos que o projeto causará, tanto ao meio físico quanto à cultura da tribo Caiapó. Anulando, assim, a autonomia dos povos indígenas na gestão do seu próprio território.
Diante desta situação, observo que o governo brasileiro vem negando toda uma vida comunitária como referência e legado cultural de um povo pertencente à nação brasileira tanto quanto qualquer outro cidadão brasileiro, visto que as discussões para a implantação da usina tem-se dado de forma vertical não reconhecendo a atitude daqueles povos como atitude participativa e permitindo que a imprensa trate os povos indígenas com tamanha falta de respeito, quando os coloca como incompreensíveis. Ignoram o povo indígena que, naturalmente, procede e pertence a essa terra Brasil e tem direito à posse legítima deste solo.

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